terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Zilda Arns Neumann, morreu como viveu - 16 Janeiro 2010


Existem pessoas que morrem de acordo como viveram.

Vamos falar só sobre as que viveram positivamente, embora não sei se possa questionar que tratar de assunto de morte possa ser positivo.

Pessoas existem e que parece foram destinadas desde que nasceram para fazer o bem, para fazer a diferença. Poderíamos citar inúmeras figuras, mas ficarei em apenas algumas do sexo feminino.

A maior de todas foi Maria, e não preciso dizer a razão. Antes dela, Rute, Ester e algumas outras. Depois de Maria, muitas também e a gente correria o risco de citar algumas e deixar outras no esquecimento.

Apenas para não deixar de citar uma ou outra falo de Joana D´Arc, de Bernadete, de Catarina, de Tereza de Calcutá, de Irmã Dulce e falo de Zilda Arns.

Porque menciono esta última? Porque Zilda Arns, figura tão contemporânea, ao contrário de algumas das outras citadas?

Zilda morreu fazendo o que mais gostava: ajudar pessoas necessitadas. Estava ela em uma igreja, para palestrar para mais de cento e cinqüenta pessoas, ocasião em que falaria da sua experiência sobre a diminuição da mortalidade infantil e sobre a Pastoral do Idoso.

Nem em um livro poder-se-ia dizer tudo sobre ela e sobre os resultados das suas ações propostas colocadas em prática a favor dos menos favorecidos.

No Brasil, onde ela começou o seu trabalho, talvez seja o lugar onde mais se viu o resultado positivo. Foram tantos os benefícios que mais de vinte países adotaram o seu plano de ação humanitária.

A Pastoral da Criança é uma realidade tão palpável que não há como negar a sua eficiência. É tudo feito com voluntários. Essa é uma das mulheres que souberam responder “SIM” a um Plano de Deus.

Deus não chegou diretamente a ela e lhe mandou executar uma tarefa. Ele usou um caminho que já tinha usado em outras ocasiões: o indireto.

Quando Ele quis a colaboração de Maria, fez com que ela se cassasse com José, justo varão, que tinha os mesmos sentimentos dela e que aceitou viver na castidade como era desejo da futura Mãe de Jesus. E enviou o Arcanjo Gabriel para fazer-lhe a proposta.

Quando Ele quis salvar a França de uma terrível epidemia, serviu-se de uma piedosa noviça para espalhar a devoção da Medalha Milagrosa.

Quando Ele quis a colaboração de Tereza de Calcutá ou da Irmã Dulce, mandou-lhes os mais excluídos e sofredores.

Quando Ele se quer valer de qualquer um de nós, principalmente os vicentinos, nos manda famílias para serem assistidas.

Foi assim com Zilda Arns.

Deus se serviu de dois Cardeais, sendo um seu próprio irmão para indicar-lhe uma tarefa que salvaria milhares de crianças e mães. Foi proposto através deles que ela fizesse um projeto para ensinar as mães carentes a usarem o soro caseiro. Ela não só aceitou como ampliou o atendimento.

Pegue-se uma estatística de trinta anos atrás e pegue uma atual e veremos como caiu a taxa de mortalidade infantil.

E porque Zilda Arns teria que morrer no Haiti? Simplesmente porque Deus a queria naquele lugar, naquela hora, fazendo o bem. Ela poderia não estar lá e estar aqui gozando de sua boa saúde, da companhia dos seus familiares, mas Ele queria que ela fosse mais uma vez um exemplo de como se deve viver e morrer uma verdadeira cristã. Eu poderia transcrever o seu último discurso, que, aliás, não chegou a ser pronunciado, mas fico apenas com um trecho dele:

“Com alegria vou contar-lhes sobre o que “vi e sobre o que tenho sido testemunha” nesses 26 anos, desde a fundação da Pastoral da Criança em setembro de 1983. Aquilo que era uma semente, que começou por entre o povo de Florestópolis, Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42.000 comunidades pobres e em 7.000 paróquias de todas as Dioceses do Brasil.

Pela força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, ao serviço da Vida e da Esperança.

Cada voluntário dedica, pelo menos, 24 horas ao mês para esta Missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.”

Quando, tempos atrás, propus que o Conselho Nacional do Brasil fizesse parcerias com outros movimentos, a Pastoral da Criança era um deles.

Tenho a certeza de que teria sido, e ainda pode ser de grande valia para as famílias que assistimos.

Dra. Zilda não chegou a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, mas para que também?
Hoje ela está recebendo, com certeza, o PRÊMIO DA PAZ DO CÉU.
 
Fonte: Confrade Aluizio José da Mata - http://www.maikol.com.br/subpages/Aluizio4.htm

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